Fotografia
(2006)
Sentado em minha cama
A ler um livro qualquer
Começo a sonhar
Perder-me por entre palavras
Fico a pensar em nossos momentos
No início de toda essa loucura
Você inocente, eu te descobrindo
Navegando por mares estranhos
Lembro de nosso primeiro beijo
A minha boca pousando na tua
Incerta de tudo, ávida por mais
Traçando planos antes do primeiro toque
Não sabia o que era aquilo
Nunca havia sentido tal sensação
Estava no meio das nuvens
Viajando leve ao sabor do vento
Lá fora, agora, a chuva começa a cair
Fico a imaginar se não são lágrimas
Anjos tristes vendo tal situação
Nada podendo fazer pra nos unir
Vidas estranhas, caminhos cruzados
Um buscando o abraço do outro
Desejando ter por toda a eternidade
O calor e o colo desse lindo amor
Mas estamos na contramão de tudo
E os guardas da vida estão nos olhando
Tentando impedir, tentando mudar
A estrada criada por nós pra felicidade
E a vida dá voltas e voltas
E eu, que pensava já imune ao seu encanto
Vi minhas muralhas desabarem
Derrubando as barreiras para sua chegada
Sua voz é uma doce melodia
Suave como veludo no meu ouvido
Atravessando minha alma rapidamente
Acariciando meu coração carente por seu amor
Quantos caminhos tortuosos?
Quantos cruzamentos ainda terei que ver?
Quantas músicas terei que ouvir?
Pensando um dia te reencontrar
Queria que você entendesse minha história
E chegasse de mansinho ao meu lado
Dizendo morrer de saudades
Não suportando mais essa distância ingrata
Eu tento, mas não chego perto
Sinto o coração descompassado
Vejo sua foto, fico tremendo
Sinto que ainda estamos ligados
Esse seu eterno sorriso fotográfico
Faz meu coração pulsar diferente
Tentando entrar em um ritmo
Sangue correndo no fluxo da paixão
Resolvi sair, esfriar a cabeça
Água a lavar a minh’alma
Tentando esquecer, mudar de vida
Impossível ir contra a maré
Subir no ponto mais alto
Olhar o mundo lá de cima
Procurar sonoridade na natureza
Pedir conselho pros querubins
Sumir do mapa, talvez te esqueça
Apagar a luz, puxar o cobertor
Sentir a cabeça e o corpo pesar
Sonhar distante, desejar só você
Tão longe e ao mesmo tempo tão perto
Indecisão batendo à minha porta
Pressão do tempo, apenas uma vida
Decisão difícil, luta injusta
Vou pro norte querendo ir pro sul
Visito o sul querendo estar no oeste
Olhando o oeste, sonhando com o leste
Tentando achar um lugar ao sol
Muitas palavras, pouca expressão
Frases contidas, medo de ser descoberto
Disputa de ego, sono chegando
Mais uma vez vou encontrar você
Fecho os olhos, vejo seu sorriso
Lindos olhos a me fitar
Erros e acertos, sinuosos caminhos
Aqui estou de novo ao seu lado
Volto pra casa, acordo assustado
Sinto o gosto do seu beijo em meus lábios
Te perdi pra sempre, te perdi meu amor
Mas nunca vou perder as esperanças
Navego em negro mar, porto seguro distante
Coração dilacerado, palavras frias demais
Busco razão de vida, tentar entender quem sou
Pra onde vou,
o que fazer,
o que dizer,
o que sonhar,
pra onde olhar,
como pensar,
o que beber,
o que comer,
quando respirar,
a quem ouvir,
quanto chorar,
que bocas beijar,
que frases falar,
com quem brigar,
quando gritar,
o que sussurrar,
quem defender,
quando brincar,
que segredos guardar,
o que contar...
Enfim...
Quem sou eu...
Pra onde vou...
O que eu estou fazendo aqui.
Mitchell